sexta-feira, 17 de junho de 2016

A origem do cordel

A origem dos cordéis são as cantigas dos trovadores medievais, que comentavam as notícias da época usando versos, que eles próprios cantavam, frequentemente de forma cômica. "Por volta do século XVI, ela era praticada na península Ibérica por meio dos trovadores, que recitavam louvações e galanteios para agradar aos poderosos", diz Gonçalo Ferreira da Silva, presidente da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Com o tempo, tais artistas começaram a registrar suas falas em folhas soltas, conhecidas em Portugal como "volantes", e prendê-las em torno do corpo em barbantes para que as recitassem e, ao mesmo tempo, garantissem as mãos livres para os movimentos. 

No século XVIII esse tipo de literatura já era comum, e os portugueses a chamavam de literatura de cego, pois em 1789, Dom João V criou uma lei em que era permitido à Irmandade dos homens cegos de Lisboa negociar esse tipo de publicação. No início, a literatura de cordel também tinha peças de teatro, como as que Gil Vicente escrevia. Esta literatura foi introduzida no Brasil pelos portugueses desde o início da colonização. 

Foi no século XVIII que a literatura de cordel chegou em nosso país. Durante o início da colonização os portugueses a trouxeram e aos poucos ela começou a se tornar popular. Há quem afirme que os folhetos foram introduzidos no Brasil pelo cantador Silvino Pirauá e em seguida pela dupla Leandro Gomes de Barros e Francisco das Chagas Batista. Inicialmente, quase todos os autores da literatura de cordel brasileira eram cantadores. Estes improvisavam os versos na hora que estavam cantando, viajavam pelas fazendas, vilarejos e pequenas cidades do sertão. 

Diferentemente de outras formas de literatura, o cordel é derivado da tradição oral. Isto é, surge da fala comum das pessoas, e também das histórias como contadas por elas, e não como fixadas no papel. "Onde quer que existam populações que não sabem ler nem escrever, existirá poesia oral, conto oral, narrativa oral, porque as pessoas não acham que o analfabetismo pode impedilas de praticar a poesia e a narrativa. A literatura nasceu oral e foi assim durante milênios. Quando a Ilíada e a Odisseia foram transpostas pela primeira vez para o papel, já tinham séculos de idade", afirma o escritor Braulio Tavares. 

O verbete "cordel" apareceu apenas em 1881, registrado no dicionário português Caldas Aulete. Era sinônimo de publicação de baixo valor e prestígio, como as que na época eram vendidas penduradas em cordões na porta das livrarias - esses "varais" de literatura logo caíram em desuso, mas o nome prevaleceu. A tradição chegou ao Nordeste do Brasil com os colonizadores portugueses e, ao longo dos séculos, adquiriu características próprias. A forma definitiva, com os livretos, tem pouco mais de 100 anos. Tudo graças a algumas prensas velhas de jornal. Um dos primeiros cordéis de sucesso foi A Guerra de Canudos, em que o conflito de 1896 e 1897, opondo Antônio Conselheiro ao Exército brasileiro, foi retratado em versos por João Melquíades Ferreira da Silva, que fora soldado naquelas batalhas e se tornaria um grande nome da primeira geração de cordelistas brasileiros. 

Conforme o cordel se popularizou, as evoluções gráficas vieram pelas mãos dos artistas das gerações seguintes: as capas com textos meramente decorativos aos poucos foram substituídas por imagens de cartão-postal e de estrelas de Hollywood, mais atrativas. 

Até que, nos anos 1950, o folheto alcançasse a sua cara definitiva nos desenhos "rústicos" da xilogravura. 

Segundo o pesquisador americano Mark J. Curran, professor da Universidade do Estado do Arizona e autor de livros como Retrato do Brasil em Cordel, os folhetos cumpriram o papel de jornal e novela do povo sertanejo, exerceram a função de ao mesmo tempo informar e entreter, em muitos momentos integrando à vida nacional populações que ainda não haviam sido atendidas pelos serviços tradicionais de comunicação. 

Atualmente, pesquisadores concordam que o gênero se fortalece pelas facilidades de impressão e distribuição dos exemplares, somadas ao poder de divulgação da internet.

Fontes:
http://www.estudopratico.com.br/literatura-de-cordel/
http://www.suapesquisa.com/cordel/
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/como-surgiu-literatura-cordel-683552.shtml
http://www.infoescola.com/literatura/literatura-de-cordel/
http://www.ablc.com.br/ocordel.html

Um comentário:

  1. Muito bom o artigo, parabéns pelo desenvolvimento do tema. o cordel como instrumento educativo e sua importancia para a cultura do nosso povo.

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